5 de abril de 2024
A jornada de um empreendedor é frequentemente marcada por desafios e superações, mas quando se trata do campo da cannabis no Brasil, esses desafios assumem dimensões únicas e profundamente enraizadas. Esta narrativa não é apenas a história de um indivíduo, mas a reflexão de uma jornada pessoal e profissional intrinsecamente ligada à controvérsia, à educação e à transformação social em torno da maconha.
Sim, cannabis e maconha são a mesma planta. E não! Não existe diferença, estamos falando exatamente da mesma coisa. O nome científico da planta é Cannabis Sativa, uma herbácea da família das Canabináceas. Divide-se popularmente em maconha e cânhamo.
Minha caminhada neste setor inicia-se há aproximadamente dez anos, marcada pela decisão pessoal de se tornar um usuário de maconha. Esse primeiro passo, embora pessoal, pavimentou o caminho para enfrentar um cenário repleto de legislações restritivas, fake news, preconceitos e uma significativa falta de recursos. O principal desafio reside não apenas na aceitação social, mas na complexa tarefa de navegar e enfrentar um sistema legislativo rígido que pouco (ou quase nada) compreende ou valoriza os potenciais benefícios da planta.
A resposta a esses desafios não veio passivamente. Foi necessária uma imersão profunda no universo da cannabis, buscando não apenas compreensão e conhecimento, mas tornando-se um estudioso capaz de dialogar e argumentar com propriedade sobre o tema. Este percurso educacional inclui participações em eventos, palestras, rodas de conversa, lives, pós-graduações, cursos e workshops. A aprendizagem contínua tornou-se uma ferramenta essencial, permitindo não apenas a defesa do uso da cannabis, mas também promovendo uma conscientização ampla sobre seus benefícios e potenciais.
Superar esses desafios exige resiliência e a capacidade de “levar porrada” sacudir a poeira e continuar de pé. Mais importante, ensina a importância de ser mais humano, empático e persistente na busca por mudanças positivas.
A visão de futuro para a cannabis no Brasil é clara e ambiciosa: tornar a cannabis mais acessível, desde a informação até o produto em si, contribuindo para uma significativa mudança social. O cenário atual é paradoxal, onde poucos se beneficiam financeiramente enquanto muitos sofrem, seja através da criminalização ou das consequências da falta de acesso a tratamentos potencialmente benéficos.
Minha missão pessoal e profissional neste contexto é catalisar uma transformação que não se limita ao âmbito pessoal ou familiar, mas que alcança a sociedade em um espectro mais amplo. Este objetivo vai além do desejo de sucesso empresarial; é um sonho de mudar a narrativa e as percepções em torno da cannabis, promovendo um futuro onde o conhecimento e os benefícios da planta sejam reconhecidos e acessíveis a todos.
A abordagem aos céticos e aos preconceituosos começa com um convite ao diálogo e à abertura para ouvir. O desafio é desmistificar quase um século de proibição e preconceito, apresentando evidências e estudos que comprovam os benefícios da cannabis, tanto do ponto de vista medicinal quanto econômico e social.
O argumento central é que, ao contrário de substâncias amplamente aceitas e consumidas, como o álcool, a cannabis não é responsável por mortes por overdose e apresenta um potencial significativo para tratamentos de saúde e bem-estar.
A conscientização sobre a cannabis, no entanto, vai além da comparação com outras substâncias; trata-se de reconhecer e valorizar as evidências científicas que apoiam seu uso e os benefícios que pode trazer para a sociedade.
Reflita, assuma seu uso, mostre o quanto ela te faz bem.
A legalização e a regulamentação responsável são vistas não apenas como um passo para o progresso econômico, mas como uma questão de justiça social e saúde pública.
Esta jornada pessoal e profissional com a cannabis no Brasil é mais do que uma história pessoal; é um chamado à ação para educadores, legisladores, profissionais da saúde, e o público em geral, para unir forças em direção a um futuro onde o conhecimento prevaleça sobre o medo e a desinformação. Este artigo é para aqueles que veem além do estigma, reconhecendo a cannabis como uma aliada na busca por um mundo mais justo e saudável. É um testemunho de coragem, conhecimento e transformação do poder da educação, da persistência e do diálogo na superação de preconceitos e na promoção de mudanças sociais positivas.
Vamos conversar?
Rafael Loureiro de Mello Gallo,
Sócio proprietário na Hemp Cycle.
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